10 maio 2005

Celeste

Foto : Jôka P.

A mulher pobre, protegida debaixo da marquise da Adonis chama-se Celeste.
Carrega uma sacola de lona com duas caixas de Lexotan, para acalmá-la da solidão, que a vida lhe deixou.
Celeste conhece de cor todos os labirintos e esconderijos de Copacabana.
Com os nervos massacrados por calmantes, a anciã continuará ali, por algum tempo, esperando o fim da chuva.
Depois irá à Casas Sendas comprar iogurtes, na esperança de melhorar seus intestinos arruinados.
Dormirá cedo, com a gata Sofia no colo, coberta de farelos de biscoitos Maizena, diante da televisão ligada.
Morrerá em seu bairro.

Um comentário:

sonia a. mascaro disse...

Gostei da foto! Muito expressiva e transmite a solidão e o isolamento que você descreve tão bem no seu texto.

A grande metrópole não costuma acolher bem seus velhos pobres. As cidades do interior são mais democráticas nesse sentido. Nas pracinhas você encontra muitos idosos que conversam, e voltam para casa sem sobressaltos! Vantagens das pequenas comunidades!