29 outubro 2009

Toy Boy


Às vezes fico na dúvida: não sei se não tenho identidade alguma ou se na verdade tenho muitas, tal a minha capacidade de me virar do avesso e de me reinventar.
Houve um tempo em que era moda dizer: “Só me arrependo do que não fiz”. Esse arrependimento eu não tenho. Olhando pra trás, vejo que sempre fiz tudo o que fiquei a fim de fazer. E continuo fazendo.
A minha ordem de prioridades é essa: primeiro eu, depois eu e por último, mas não menos importante, eu também. Nunca esperei pouco da vida, e ela me deu tudo o que poderia dar, de bom e de ruim.


Esse papo aqui é com você, que ainda há pouco reclamou comigo no telefone, que eu não tenho atualizado mais o blog, e tal. Taí.
Você, que, queira ou não, agora já faz parte dessa história que se passa em Copacabana. E que acabou desmentindo a máxima de Elie Wiesel, que um dia disse: “Depois de tudo o que já vivi, nada que me aconteça poderá me fazer muito feliz, nem muito infeliz.”

Ilustrações - Jôka P.

25 outubro 2009

Estrelas cadentes não gritam quando caem



Há muito anos, estávamos eu e Miguel olhando pro céu de Itaipava, na rede da varanda - loucos, desarvorados, rindo de qualquer besteira. Quando de repente, uma estrela despencou sobre as nossas cabeças. Sem nenhum ruído, nada. Talvez um rastro luminoso, mas muito breve.
Tão breve que mal deu tempo de gritar : -"Olha lá uma estrela cadente !"
E tudo já tinha se acabado.


A solidão repleta de gente é a pior de todas. A solidão dos meninos que nunca aprenderam a crescer.

Quando eu era criança, a minha avó me levou ao Cinema Metro Copacabana, para assistir Quo Vadis.
Vovó torcia por Deborah Kerr, a bondosa cristã de túnica azul, que amarrada numa estaca, enfrentava corajosamente uma fera faminta. Eu torcia pela vilã, a bela imperatriz morena, coberta de jóias, que condenava abaixando o dedão, impiedosa.


Anos depois, descobri o nome daquela coadjuvante que encheu meus sonhos por algum tempo. A atriz se chamava Patricia Laffan e nunca se tornou uma estrela.

Mas numa espécie de vingança estranha e compulsiva, eu inventei a sua história : ela se casou com um homem bom, o bonitão da turma, que a amava desde os tempos da escola. E que sempre esperou por Patricia, até que ela se cansasse da carreira.

Então construiram juntos um futuro de felicidade, uma vida em Technicolor.

Patricia Laffan e Peter Ustinov em Quo Vadis

Patricia Laffan na verdade nunca soube que as estrelas não gritam quando caem. Ela foi mais esperta, pulou fora antes do fim.
Ou talvez ela tenha entendido uma verdade tão dolorosa quanto definitiva : estrelas cadentes não gritam, porque há muito tempo perderam a voz, cansadas de tanto gritar por socorro.

24 outubro 2009

Choose me

O que lembro dos primeiros anos eram as longas horas de solidão na escola que demoravam a passar.
No recreio, fingia estar ocupado com alguma coisa importante. Ou então fazia de conta que preferia estar sozinho.
Mas havia uma coisa que me protegia: eu sabia desenhar. Era como se enquanto estivesse desenhando, eu quisesse dizer: olhe pra mim, estou aqui. Me escolha.


21 outubro 2009

Gato mia

Sinceramente, não posso me queixar da vida. Tenho sido muito feliz e, porque não, mimado pelas pessoas queridas que também gostam de mim. Como vocês, por exemplo.
Todo mundo adora presentes, lógico. E não me lembro de ter recebido nada com mais surpresa e alegria do que esse pacote de chocolates Língua de Gato da Kopenhagen, que ganhei ontem à noite. Só não me perguntem de quem, porque, vocês sabem, acho muito abuso e não dou essas intimidades.
Mas o que é que eu posso achar desse gesto assim tão incrível e inesperado?

Segundas ou terceiras intenções.
Miau ?

18 outubro 2009

Copacabana dinner party

Sabe aquele cara super incrível que você pode levar tranquilamente pra jantar na casa dos seus pais sabendo que não vai dar absolutamente o menor vexame?


Definitivamente não sou eu.


11 outubro 2009

Pretty Jôka

Joka boy

Fui um garoto lindo. O meu rosto parecia ter sido feito de açúcar e lambido pelos anjos. Quando eu chegava na escola, no pré-primário, as professoras e todas as crianças levantavam e aplaudiam de pé, emocionadas com aquele menino tão belo.
Depois de um certo grau de beleza, os alunos de minha escola iam para uma sala VIP, que até hoje ainda é chamada de "Sala Jôka P.”.

Twitteiros Compulsivos... só por hoje sem twittar.

Olá, amigos ! O meu nome é @Joka_P !

Sou dependente e vou ficar só por hoje sem o Twitter.