30 junho 2005

Feira Livre






Fotos : Jôka P.

Quinta é dia de Feira no Lido, aqui perto de casa.
Gosto de ir, pelo visual, os cheiros e cores.
E sobretudo pelas pessoas.
Cariocas são bacanas, já disse Adriana Calcanhoto.
Adoram um cestão básico de frutas na cozinha.
Mesmo que a metade das bananas acabem micando e fiquem cheias daquelas mosquinhas chatas.
Comprei goiabas graúdas, que inundam a copa com um cheirinho assim meio sinistro.
Preço de banana : na base de um e cinquenta.

29 junho 2005

Espelho meu



" Durante muitos anos esperamos
encontrar alguém que nos compreenda,
alguém que nos aceite como somos,
capaz de nos oferecer felicidade apesar
das duras provas.
Apenas ontem descobri que esse mágico
alguém é o rosto que vemos no espelho. "


(Richard Bach)

28 junho 2005

Mapa das Artes-primeiro projeto

Jôka P.

Convidado para ilustrar a capa do terceiro número do Mapa das Artes do Rio, fiz esse primeiro projeto. São Barbies e Kens passeando pela Avenida Atlântica, na altura do Leme.

O editor gostou da idéia, mas não da composição - muito simétrica - de personagem central e 3 de cada lado.

3 pra lá + 3 pra cá... Pediu algumas mudanças.

Mapa das Artes-projeto aprovado

Jôka P.
A
qui o centro da imagem ficou vazio, deixando ver o calçadão da Av. Atlântica.
Pelas laterais, as personagens ficam se azarando.
É bem assim que rola, principalmente nos fins de semana, durante os passeios pela Praia de Copacabana.

O visual é bem colorido, numa estética meio Almodóvar, super kitch mesmo.

A fauna e a flora habituais da Zona Sul do Rio: turistas estrangeiros, mulheres gostosonas e o povo carioca, alegre e super bacana.

Mapa das Artes-a capa publicada


A capa do Mapa das Artes do Rio foi publicada assim.

26 junho 2005

Sagrado Coração de Maria

Tinta acrílica sôbre tela - Jôka P.


Maria Aparecida teve uma noite de cão.

A madrugada toda de pé na Avenida Atlântica.
As botas de verniz ordinário - saltos altíssimos de plataforma - lhe destruíram os pés.
O rímel vagabundo da Coty teimava em derreter - dois riozinhos negros lhe escorriam pelo rosto.
Nenhum cliente.
Ninguém.

Maria Aparecida fazia cinquenta anos naquela noite.
Voltou andando devagar, as botas baratas fazendo bolhas nos pés.
Entrou no prédio da Barata Ribeiro e deu boa noite ao Seu Inácio, o porteiro.

-" Boa noite Seu Inácio."
-" Boa noite, Dona Cida. Tudo bem ?"
- " Tudo indo, Seu Inácio. Tudo indo."

Era sempre assim.
Como um acordo tácito.
Entrou no apartamento e abriu as janelas para arejar.
Da vizinha veio um cheiro enjoado de bife.
Que idéia fritar bife a essa hora, pensou.
Não tinha cachorro, nem gato.
Não tinha plantas, nem ninguém.
Nada.
Ligou o rádio e o cubículo se encheu de promessas de prosperidade evangélica.
Sentada diante da penteadeira em decapê, muito lentamente tirou toda a maquiagem com creme Pond´s.
O espelho refletiu seu rosto cansado. Um rosto de menina velha.
Quase velha ou quase jovem.
Acendeu uma vela de Sete Dias para Nossa Senhora de Copacabana e rezou diante da imagem da santinha de gesso.
Depois desligou o rádio.
Em silêncio se olhou novamente no espelho encardido.
E viu finalmente um rosto humano.
Era ela - ou quase ela.
Maria Aparecida.
A - pa - re - ci - da.

23 junho 2005

Inverno em Copacabana

Jôka P.
Esquina da Avenida Copacabana com Rua República do Perú.
O inverno chegou à Copacabana.

Praça Arcoverde



Praça Arcoverde - Estação de Metrô Arcoverde, depois da chuva.
Muita gente não gosta do inverno no Rio.
Eu adoro.

20 junho 2005

O Aquário das Sereias 1


Pintei esse quadro no Rio, em 1989. Chama-se "O Aquário das Sereias".
Foi encontrado há pouco tempo em leilão, não faço a menor idéia de como foi parar lá.
Nunca se sabe o destino que têm os quadros, depois que saem das nossas mãos.
Seguem um caminho próprio e misterioso.
Algumas vezes as telas são muito amadas e passam a fazer parte da vida de seus donos.
Outras, as pinturas ficam esquecidas e sem nenhuma identidade afetiva.

Geralmente, vão parar em um leilão e com alguma sorte, são vendidas novamente.

Esse quadro deu voltas e acabou voltando para mim.

Como estava muito detonado, resolvi restaurá-lo.
Ou melhor, praticamente fiz tudo de novo, de uma outra forma.
Dizem que tudo muda.
Até a surda, muda.

O Aquário das Sereias 2


" O Aquário das Sereias" -1989-2005


Restaurado e revisitado, o quadro agora está assim.

Seremos todos felizes, novamente.

17 junho 2005

Disney Copa

Jôka P.
Disneyworld ? Epcot Center ? Algum circo de quinta ?
Nada disso.
É a Avenida Copacabana, hoje ao meio-dia.

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N
a guerra das arquibancadas em Jundiaí, na primeira partida da final da Copa Brasil, entre Paulista e Fluminense, os torcedores locais, para provocar os tricolores, gritavam :
" Inha, inha, inha !
Silêncio na Rocinha."
E os cariocas retribuíam :
" UH, uh, uh ! Praia de paulista
é a banheira do Gugu !"

16 junho 2005

Pagodão Carioca

Paródia daquele antigo sucesso dos Originais do Samba que ouvi ontem de noite, em um boteco de Copacabana :
"- Se gritar o mensalão...
Não fica um, meu irmão !
Se gritar o mensalão, ô ô ô ô...
Não fica um ! "

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Copacabana - não importa o que aconteça, nunca vou mudar daqui.

Nossa Senhora de Copacabana


Muita gente pensa que Copacabana é um nome tupi-guarani, mas Copacabana significa "mirante do azul" na lingua Inca Quichua.

A origem do bairro se deve ao culto a Nossa Senhora de Copacabana, que foi introduzido por comerciantes peruanos e bolivianos que vieram para o Brasil comercializar objetos de prata.
A igreja original foi demolida e ficava aonde hoje temos o forte de Copacabana, no Posto 6.
Um detalhe curioso é que também existe uma cidade boliviana nas margens do Lago Titicaca com o nome de Copacabana.

15 junho 2005

Briga leva Narjara à delegacia



Quem ainda se lembra de Narjara Turetta ?
Os mais jovens não vão ter nem a menor noção.
Ela era atriz e fazia a filha rabugenta de Malu (Regina Duarte) no arqueológico seriado "Malu Mulher", lá pelos final dos anos 70 ...
Hoje em dia a moça largou o show-business e vende água de coco numa carrocinha bem aqui perto de casa, na Rua Inhangá, em Copacabana.
Tempos difíceis para todos nós, né ?
Essa semana Narjara se meteu numa briga horrorosa com outra moradora do bairro, por causa de um totó que insistia em fazer xixi nos cocos dela.
As duas trocaram bofetões e foram parar na décima segunda Delegacia de Copacabana.
Tiveram até que fazer exame de corpo de delito.
Baixaria total.

Pra quem quiser saber mais detalhes desse episódio tão enaltecedor, é só clicar aqui.

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Esse já é praticamente um blog sensacionalista...

14 junho 2005

:oD


Rio eu gosto de você.

12 junho 2005

11 junho 2005

Dercy Gonçalves


Quem é Dercy Gonçalves ?

Ela mesma vai responder em sua biografia, escrita por Maria Adelaide Amaral :

"Quem sou ?
Sei lá. Não sei quem sou.
Fui tanta coisa. Eu fui tudo. Fui Dolores.
Nasci Dolores Gonçalves Costa, em 23 de junho de 1907, em Santa Maria Madalena, Estado do Rio de Janeiro.
Na minha mocidade, eu tinha diversos apelidos :
Pimenta Malagueta, Theda Bara, Pola Negri, puta. Tudo eu fui.

Depois me chamaram de outras coisas :
Irreverente, desbocada, debochada, malcriada, boca-suja, vasto mundo.
Até de vasto mundo me chamaram.
Tudo isso eu também fui.

Quem diria ?
Se em 1907, alguém dissesse que Dercy Gonçalves seria um exemplo de vida, quem iria acreditar ? "

10 junho 2005

Dercy, 99 anos


Dercy Gonçalves comemora os seus 99 anos essa noite no programa do Leão, na Bandeirantes.
Cintilante, irreverente, necessária e fabulosa.
Respondeu a todas as perguntas com uma inteligência e lucidez impressionantes para essa mulher maravilhosa de quase cem anos.

Um século de história do teatro e do cinema brasileiros.

09 junho 2005

Ela é carioca...


Jôka P.

"- Dizem que estou ficando amarga, ácida, chata, enjoada e sem graça.
Não é verdade.
É só colocar limão, duas pedras de gelo, adoçante, sexo, brilhantes e mexer bem.
Eu fico maravilhosa. "

08 junho 2005

Atlântica


Jôka P.

Um céu azul de photoshop, dunas das obras de construção dos novos quiosques, muitos pombos nas areias, um bêbado desmaiado no banco da praia.

Definitivamente nem tudo são flores na glamurosa Avenida Atlântica...

Outono-Inverno

Jôka P.
Passeando pela Avenida Copacabana para umas comprinhas, né ?
Que fofa.

Que rei sou eu ?

Quando o Pelé esnobou aquela filha, que além de ser a cara dele parecia ser super gente boa, achei o fim.
Fiquei com um tal horror, que não podia mais ver o jogador nem numa foto de jornal.
Passei a ter um entojo definitivo pelo cara.
Não reconheceu a filha bacana, humilhou a garota e agora vem à uma coletiva de imprensa, diante do mundo inteiro, choramingar pelo filho traficante.
O tal do traficante Edinho e o Pelé bem que se merecem.

Sabe quando dá aquela vontade de dizer "bem feito"?
Então.

07 junho 2005

Clovis Bornay


Foto : Jôka P.

Clovis Bornay hoje.
O patrimonio cultural carioca posou para essa foto, na esquina da Avenida Copacabana com a Rua Duvivier.
Ele mesmo sugeriu a pose, diante das Sandálias Havaianas :
-"Fica mais colorido !"

Morador da Av. Prado Júnior, em Copacabana, ele é sempre educadíssimo, impecável e elegante.
Gente fina é outra coisa.

Obrigado, Sr. Bornay.

Voltando agora, recebi de presente três mudas de hortênsias de Petrópolis.
Ganhei de Adelaide, minha anã paraguaia.

06 junho 2005

Balaio de gatos


Praça do Lido - Foto : Jôka P.

O outono tem tido manhãs lindíssimas de sol morno.

Acho que todos os velhinhos do Leme e de Copacabana sairam de casa ao mesmo tempo e estão sentados lá na Praça do Lido, pegando um calorzinho básico.

Em um canto da praça, uma mendiga gordíssima tem um balaio de gatos. Parece uma personagem de Les Misérables transposta para os trópicos.
No cesto da gorda, uma ninhada de gatinhos-bebês, de uma fofura irresistível.
Uma garota passou, pediu um bichinho e a mulher respondeu, categórica :

-"Você não tem cara de saber cuidar de gato, menina.
E se não sabe cuidar, eu não dou."

Me controlei para também não pedir um pra mim.

Já tenho a Cindy e sei cuidar dela.
Está na minha cara.
Tenho a cara explícita de saber.

Praça do Lido



Fui me aproximando e tirei essa foto do casal, na maior cara de pau.

Adoro esses velhinhos do bairro, sinto carinho e respeito.
Acho que esses dois são judeus.
Houve um tempo em que o Leme era chamado de JerusaLeme.

05 junho 2005

Domingo

Foto : Jôka P.
Domingo de manhã em Copacabana.

Domingo


Foto : Jôka P.

Avenida Atlântica ainda há pouco.
O Copacabana Palace e ao fundo o Edifício Chopin.
O povo carioca passeia feliz, banhado de sol.
Desse jeito ainda vou acabar acreditando que Deus existe.

04 junho 2005

Av. Copacabana


Foto : Jôka P.

"As palavras são pistolas carregadas."

Jean-Paul Sartre

A Noviça Quarentona


A Noviça Rebelde está completando 40 anos.

Faço parte da multidão de fãs que cresceu cantarolando com Miss Julie Andrews.

Embora eu adore, há também quem odeie o filme.

Mas não foi Nelson Rodrigues quem disse uma vez que " toda unanimidade é burra"? Pois é.

Sou tão tiete que já cheguei ao ponto de ir à Salzbourg, na Austria, só para conhecer todas as locações de "The Sound of Music".

Rolam muitas outras informações sobre o assunto na página da Beth Salgueiro.
Onde tudo, mas absolutamente tudo pode acontecer.

O sagrado coração de Jesus

acrílica sôbre tela - Jôka P.

Sandro de Jesus está no ônibus há quase uma hora.
Atravessa o Tunel Novo em direção à Copacabana, debaixo de uma chuva federal.
Chega atrasado ao prédio da Avenida Atlântica e sobe apressado as escadas de mármore negro.
Oitavo ou nono andar.
Toca a campainha da direita, torcendo para que ninguém atenda.
Um homem magérrimo e branco como uma vela, abre a porta com um copo de grapette na mão.
-"Be welcome !"- miou o velhote.
Sandrinho de Jesus respirou fundo e entrou.
Naquela sala estranha, tirou toda a roupa.
E ofereceu o que ainda tinha conseguido guardar de si mesmo.
Era um olhar seco, de cansaço. De um viver que ele já tinha pago.
Como um sofrimento de espera.

03 junho 2005

Grouxo Marx

" Veja o meu caso :
saí do nada e cheguei à extrema pobreza."
Grouxo Marx
Yes, nós temos bananas !

02 junho 2005

Nunca mais


Tenho mania de acreditar no Rio, mesmo não confiando mais na espécie humana.

Passei anos morando na Europa e fui até muito feliz por lá.
Mas sempre tive a sensação mortal de ser um estrangeiro.

Ou pior, um estranho.

Talvez seja por isso que nunca mais me passou pela cabeça a idéia de sair dessa cidade.
Há alguma coisa aqui que me faz acreditar no que ainda existe de melhor em mim e na minha espécie.
Pode até ser que esta qualidade seja menos do Rio e mais de tudo o que já vivi aqui.
É possivel que a minha crença seja puramente afetiva.
Mas cada vez que amanhece em Copacabana, e que a minha janela se enche de luz dourada, tenho uma sensação recorrente de déjà-vu do Paraíso.
Um Paraíso urbano e ensolarado, com um calor em que estou sempre confortável e seguro.
E uma brisa salgada, que alivia todos os meus medos.
Até não sobrar nenhum vestígio.

01 junho 2005

Sonho

Sonhei que tinha barriga de tanquinho.

Meu horóscopo hoje :

"Um aspecto de Júpiter ao seu regente torna este momento muito agradável.

Tudo tende a um final feliz."

Amém.