As noivas de Copacabana

Passando pela porta do cartório da Av. Copacabana, no final da tarde, fiquei pasmo, besta de ver a aglomeração de casais esperando a vez para casar no civil.

Havia uma multidão de duplinhas homem-mulher ofegantes, ansiosos, tanto lá dentro quanto na calçada.

Algumas coisas me chamaram a atenção - as noivas classe média básica usavam roupas simples, discretas, uns terninhos, vestidos, sei lá – parecia até que tinham vindo direto do trabalho pro casamento.
Já as pobrezinhas eram totalmente diferentes - estavam todas empetecadas, praticamente uns destaques de escola de samba: vestidões cheios de brilhão, decotão, laçarotão, babadão, brincão, cabelão.

Todo mundo sabe que elas adoram um enfeitão.

Aliás, também adoram celulares super caros, carérrimos, daqueles bem espalhafatosos, já reparou ? É batata.
Alguém pode me explicar porque ?

Será que é uma espécie de compensação ?
Acho que é uma descompensação.

Uma boa parte dos casais em “pre-núpcias” era de garotas de programa, putinhas que iam se casar com gringos.

É assim: eles chegam pra passar férias em Copacabana, contratam uma Bebel pra serviços de acompanhante, miché, saliência e sexo recreativo (existem zilhões de agências especializadas no Rio) e muitas vezes acabam se casando com essas moças. Tipo Pretty Woman.

Na porta do cartório tinham umas vinte delas, quase todas com seus filhotes, com o nariz escorrendo e o olho arregalado. Uélintons. Uóshintons. Os filhos das putas. Se tiverem metade da sorte das mães podem até acabar estudando em Harvard.

Vendo essas jovens Kellys, Dayennes e Suellens, com os cabelos de miojinho (murundús de nylon coreano) abraçadas aos seus gringos, na porta do cartório de Copacabana, começo a acreditar que a Cinderela existe.

E ela mora em Copacabana.

O amor é cego.

I Love you, baby !