09 abril 2007

Acetona e aspirinas

Detesto acumular coisas que não uso mais.
Sempre achei que fazer coleções é coisa de maluco.
Acho importante abrir novos espaços na minha casa – e na vida - ao invés de juntar trecos e atravancar. Espaços livres permitem renovação.
Livros já lidos não me servem mais pra nada – não vou ler nenhum novamente e nem sou bibliotecário.
Resolvi arrumar estantes - coloquei dezenas de romances em sacas de supermercado e levei tudo pra uma loja de livros usados na Av. Copacabana.
Sebos e brechós sempre me deprimem.

Sete da noite. O dono da loja empoeirada separou os livros em duas pilhas: uma com uns oito ou dez livros, no máximo, e a outra, imensa, com uns cinquenta e tantos, no mínimo.
- Essa pilha menor me interessa. A outra... Jorge Amado, Zélia Gattai, José Mauro de Vasconcelos, nem pensar. Estou com as estantes atulhadas “disso”, ninguém mais compra, já era. Dou dez Reais
– o homem foi definitivo. E não tinha mais conversa.
Peguei as dez pratas e deixei a montanha de livros rejeitados ali mesmo. Na verdade nem eu os queria mais.
Com os trocados que recebi, passei na Drogaria Descontão e comprei aspirinas e um vidrinho de Acetona pra Gigi.
Adeus, Zezé do Meu Pé de Laranja Lima.
Até nunca mais, Gabriela, cravo e canela.
Onde pessoas normais têm um coração, eu tenho um buraco negro.
Se não tomar cuidado, você pode cair nele.
E se perder para sempre.


Fotos - Jôka P.

32 comentários:

Angela Ursa disse...

Jôka, fiquei impressionada com o comentário do dono da loja sobre ninguém mais comprar livros do Jorge Amado, da Zélia Gatai e do José Mauro de Vasconcelos. Que coisa! Beijos da Ursa
PS: Essa chuva em Copa foi neste domingo de Páscoa?

Lucinéia, para o íntimos disse...

Jôka P., fiquei curiosa em saber quais os livros que o dono do sebo acabou comprando. ;)
Achei muito legal essa sua última foto, na qual a maioria das pessoas ainda que protegidas pelas marquises, mesmo assim tem os guarda-chuvas abertos e sobre as cabecas. Só a gordinha de guada-chuva pink anda na chuva e na contra-mão. Bacana, Jôka!
Beijo e boa semana.

Yvonne disse...

Jôka, se você tivesse falado comigo antes, eu teria sugerido um sebo lá da cidade que compra tudo. Se não me falha a memória, fica na Rua Luiz de Camões. Não sei o endereço, mas tenho o telefone. Beijocas
P.S.: Um grande viva à literatura brasileira que foi trocada por aspirina e acetona.

Unknown disse...

Que desalmado. Nao se trata livro assim nao, viu???? Eles te deram alegria alguma vez na vida. E 10 pratas? Francamente!!!!

Ricardo Mantler disse...

Eu concordo com você.

Eu faço isso com livros que sei que nunca mais vou ler ou que tiveram pouca ou nenhuma importância para mim. Mas não jogo fora livros de poesia, por exemplo.

Alguns outros, como "Livro do Desassossego", Fernando Pessoa, eu tenho nada menos que seis exemplares. Isto porque faço anotações nas bordas e quando acaba o espaço eu compro outro. E adoro reler inclusive minhas anotações.

Roupas. Não tenho nada com mais de dois anos, exceto ternos e roupas de frio que só uso em poucas ocasiões.

Também acho que livrar-se de antiguidades abre espaço para coisas novas. Já joguei até discos e objetos de decoração na lata do lixo porque não queria dar pra ninguém.

Adoro renovação. A reforma no meu apê é um bom exemplo disto. E certamente vai rolar um joga-fora-no-lixo assim que eu voltar pra cas.

O engraçado é a fila de amigas e amigos querendo levar algum objeto consigo. O mundo está repleto de museólogos.

Leleco disse...

Jôka,

Nossa vida é assim mesmo. Todo ano que passa nossa casa fica cheia de coisas entulhadas pelos cantos.

Espero que tenha tido uma ótima páscoa.

A Cindy é muito linda. Só achei um contraste a foto dela com um diamante negro...rs Poderia ter sido com um laka...rs

Um abração,
Leleco

Anônimo disse...

Jôka,
o difícil é quando se mora com quem adora juntar quinquilharias e você não. É o meu caso. Pilhas de enciclópedias completamente desatualizadas, livros em duplicata ... meu pai comprava livros aos montes, esquecia e comprava o mesmo de novo. Tenho na minha casa e está difícil de me livrar de 3 geladeiras velhas, projetores de filmes, slides em toneladas ... E falta tempo para arrumar a zorra que herdei.Semana santa com chuva em Copa, que triste!
Beijos!

Anônimo disse...

Dez pilas por 50 e tantos livros??? O cara abusou isto sim. Mas deu qto pelos que se interessou?heheheh
Curioso eu,hem JÔKA!!

Abração e otima semana

Monalisa disse...

Eu sou a favor da renovação, por isso não guardo livros e revistas por muito tempo, ficam em minha casa no máximo 01 ano. E não os vendo também, faço doações para bibliotecas ou alguém que queira ler. Eu acho que não precisamos guardar livros e revistas, se você leu e assimilou o que leu, isto se tornou conhecimento e ninguém mais pode te tomar. Beijos!

Carol disse...

Jôka, preciso exercer um desprendimento como o seu. Tenho zilhões de cacarecos que terei de me desfazer e já sofro por antecipação.
Bjs.

Anônimo disse...

tenho problemas em me desfazer de certas coisas,como livros e algumas revistas...mas de vez em quando é necessário e acabo doando pra uma escola municipal que tem perto de casa pois estão montando a biblioteca com doações da comunidade, assim crianças sem condições financeiras poderão ter acesso à leitura...
beijos Jôka!

ipaco disse...

Putz, Meu pé de laranja Lima é da minha infância, tinha um "puta que pariu", que era um escândalo para um jovem de 8 anos, num Rio ainda bucólico...

Naldy disse...

Aqui todo mundo 'renova' armário no início do inverno e na primavera. Roupas são doadas, jogadas foras, casacos tb e por aí vai. Eu estou fazendo isso aos poucos. A casa realmente estava como vc descreveu: entulhada de coisas que não queremos mais. Guardar pra quê? Estou aprendendo a lidar com isso!
Vc está certo.
Eu deixei um monte de livros no Brasil quando vim pra cá. Resultado: Nunca precisei de nenhum deles!
Ah! postei um slide show do nosso passeio campestre. Vem ver!
(ps: Antes de chegarmos ao shopping hi hi)

Dhan disse...

Jogo tudo fora, menos livros e cd´s. Agora, tou com o costume de reler alguns livros. A experiência está sendo gratificante: novo olhar, novas descobertas. Não necessariamente o novo seja mais interessante assim. abs
Neura: Coleciono ticketes de shows. kkkkkkkk

Wilton Chaves disse...

Olá!
Querida Jôka, li seu post, você retrata exatamente o momento de venda de livros para um sebo. Há este ritual de separação de títulos e o valor pago geralmente é este. há pequenas variações. O livreiro compra um "pacote". às vezes, deixam de lado livros interessantes, mas por alguma razão "inexplicável" não aceitam outros livros.Separam livros em pilhas.Vi muitas pessoas voltarem com livros, pois,não foram aceitos. É verdade que rejeitam vários livros, muitas vezes é determinado pelo número de exemplares no estoque.O preço pode chegar a dez centavos o exemplar.Geralmente o comprador ou livreiro disponibilizam uma verba pra compra de livros durante o dia.Muitos livreiros aviltam o preço do livro para compra e pra revenda, colocam o preço para cima.Há variação de sebo para sebo. Um grande abraço.

Anônimo disse...

Cara sou o seu avesso, tenho imensa dificuldade pra jogar as minhas coisas fora, principalmente livros. Sempre acontece de de vez em quando eu reencontrar um livro querido e ficar renamorando-o, lendo as partes que eu mais gostei, as vezes eu nem os leio apenas os tomo as mãos e acaricio como velhos amantes.
Abraços.

Anônimo disse...

tb tento noa acumular tralah. difíiiicil... beijosssssssss

Chris disse...

Eu tb não gosto de quardar coisas que sei que não vou mais usar, prefiro passar adiante, dar para alguém... mas conheço pessoas que têm um dificuldade enorme de se desfazer das coisas.

Laurinha disse...

Joka, eu sempre gosto de renovar nessa epoca do ano, por aqui, que eh primavera. Epoca de renascimento. Geralmente dou uma limpada nos armarios, tiro as roupas velhas, os sapatos, essas coisas. E vou re-organizando tudo.
Puxa, quer dizer que o povo nao ler mais Jorge Amado e Jose Mauro de Vasconcelos? Que pena!

SuEli disse...

Olá Jôka,
Passando pra desejar um abençoado final de tarde.
Que Deus os abençoe, ilumine e proteja,
Felicidades,
Bjs.

Anônimo disse...

Amigo Jôka, ¿cómo estás? Hace días que no sé nada de ti, pero sigo tu página...
Espero que estés bien y tan creativo como siempre. Te reenvío una foto de tu querida Cindy, y se la envío también a mi hija mayor, que tiene un gato que se llama Trueno, para que se la presente... ¡Seguro que Trueno se enamora de Cindy!
Un abrazo,
LOU CARRIGAN

Anônimo disse...

O meu oftalmologista e a homeopata da tomie ficam nesse edifício!!hehe
beijo

Liliane de Paula disse...

Jôka, sou possessiva. Não gosto de me desfazer de nada. Mas, vez por outra dou alguma coisa para pessoas que sei vão valorizar. Já estou imaginando morrer sem poder levar. Tem que haver um jeito. Vou descobrir.
Liliane

Anônimo disse...

Jôka meu Rei, finalmente consegui comentar em seu blog.
eu tenho esse sério problema també, acredite se quiser:há coisas que teria que jogar fora ainda da época da faculdade...
Um forte abraço e tudo de bom,
Janaina de Almeida, Vila Isabel.

Tina disse...

Oi Jôka!

Eu já gostei de guardar coisas, hoje não mais: só o absolutamente necessário e aquelas que não abro mão (fotos de família e cds do meu cantor predileto). Livros já doei tantos que perdi a conta. Se não vou ler novamente prefiro passar para quem ainda não tenha lido.

beijos querido,

PS: Não acredito nesse buraco negro!

Anônimo disse...

Precisamos sempre arejar, você fez certo. Mas, acho que todos nós somos buracos negros e nos devoramos.
Comeu muito chocolate?

Jôka P. disse...

Dudu Oliva,
estou comendo chocolates até agora.

ps: estamos todos em um labirinto interno e somos o nosso próprio Minotauro.
Alguém sempre será devorado.

Silvia Regina Angerami Rodrigues disse...

Bom, Jôka, o que vc chama de "falta de coração" os orientais garantem que é excelente para o "feng shui", para deixar a energia fluir, etc.

Anônimo disse...

jôka,
também não acumulo nada.mas, adoro sebos: vou lá para trocar livros, comprar barato etc. o último que comprei foi " bebel que a cidade comeu",de loyaola brandão.
abs.tertu

Luma Rosa disse...

Além do que essas coisas paradas acumulam energia negativa! Uia!!
JôKa Peta, você deve ter conhecido meu primo Vinícius. Ele tem a sua idade ou parecida, não sei. E vivia em Copa. Foi ator na primeira versão de "Meu pé". Ele é guapo até hoje! (rs*)
Porque não doou esses livros para uma biblioteca ou escola? Faço isso!
Está com algum outro blogue?
Boa semana! Beijus

Sweet! disse...

Gostei disso de arejar. E da história de coisa parada atrair energia negativa. Muito bom.

Às vezes tb levo livros para a biblitoeca. Mas sou meio apegada demais a alguns eles.

Mônica disse...

não junto tranqueira...nunca juntei...mas meus livros são sagrados....