Na tarde de 17 de dezembro de 1961, minha mãe, eu e minha irmã estávamos prontos para ir ao grandioso Gran Circus Norte Americano em Niterói – então capital do estado do Rio de Janeiro. Era um domingo de muito sol, o calor carioca se aproximava dos 40 graus.
Quando já estávamos a caminho, mamãe de repente mudou de idéia.
- Mudança de planos ! Nós vamos ao Cristo Redentor !
- Mas não era o circo em Niterói, mãe ? - perguntei decepcionado.
- Não ! Nada de circo ! Hoje nós vamos ao Corcovado ver o Cristo Redentor.
Eu e minha irmã, num surto histérico, desatamos um berreiro infernal.
- Chega ! Não adianta chorar ! Hoje não tem circo nenhum. É o Cristo Redentor ou uma palmada em cada um ! Escolham ! – minha mãe sempre foi assim, definitiva em suas decisões.
Pouco depois, debruçados no mirante turístico, avistamos uma fumaceira escura ao longe, na direção do mar. O fumaçê sinistro vinha de Niterói.
Logo soubemos que um incêndio criminoso tinha destruido completamente o Gran Circo Norte Americano. As labaredas derreteram a lona parafinada provocando uma chuva incandescente, numa tragédia diabólica, deixando 500 mortos e centenas de feridos.
Passados mais de 40 anos, nunca mais fui à um Circo.
E tenho pavor mortal de palhaços.
Eu leio LELECO