Colégio Andrews.
Diciplinas, lições, provas – esqueci de quase tudo isso.
O que eu sentia como inútil, está no fundo da minha memória, onde o tempo perdido, os equívocos e as bobagens formam como que uma massa esponjosa, que de vez em quando tento pegar e apalpar.
É mais fácil me lembrar de impressões visuais.
A cor das escrivaninhas, a roupa das professoras, a luz esverdeada da sala de aula.
As balas Juquinha e as Maria-Moles vendidas na cantina.
O sol de meio-dia explodindo, como uma bola laranja que atravessava a persiana.
Giz que se quebrava no quadro negro, fazendo um barulho horrível.
Um camundongo correndo pelo pátio do recreio.
O professor Alair, de matemática.
O professor Alair, de matemática.
Um homem gordo, de bochechas coradas e óculos de aros negros, que fumava sem parar.
E que me dizia, diante da turma, soltando baforadas de fumaça fedorenta :
E que me dizia, diante da turma, soltando baforadas de fumaça fedorenta :
“ –Tire os braços de cima da cabeça, menino !
Você nunca vai poder pensar abraçando assim a cabeça ! Nunca ! ”
Eu detestava tanto a escola, que por qualquer motivo fugia das aulas e me escondia na biblioteca.
Eu detestava tanto a escola, que por qualquer motivo fugia das aulas e me escondia na biblioteca.
Ficava horas lendo as aventuras de Brigitte Montfort, a espiã da CIA que lutava contra todos os vilões inimigos.
Um dia resolvi que seria um menino prodígio.
Ia escrever um livro que deslumbraria o mundo.
Seria algo tristíssimo.
E todos ficariam imaginando como um menino como eu, poderia escrever um livro assim.
Ia escrever um livro que deslumbraria o mundo.
Seria algo tristíssimo.
E todos ficariam imaginando como um menino como eu, poderia escrever um livro assim.
Tão profundo, melancólico e trágico.
Eu era alto e magricelo.
Muito fechado, tímido e perdido em sonhos.
Notas medíocres e um tédio infinito.
Tenho certeza de que houve uma época em que fui líder de parte da minha turma.
À noite, depois que todos em casa já estavam dormindo, eu ficava olhando o mar pela janela do quarto e pensava :
Um dia, vou viver nesse mundo maravilhoso de risos e de acertos.
E vou fazer parte “daquela coisa ”.
Hoje, muitas vezes, ainda me sinto um estranho.
Acreditando que todas as outras pessoas fazem parte “da coisa”.
E eu não.
Eu era alto e magricelo.
Muito fechado, tímido e perdido em sonhos.
Notas medíocres e um tédio infinito.
Tenho certeza de que houve uma época em que fui líder de parte da minha turma.
À noite, depois que todos em casa já estavam dormindo, eu ficava olhando o mar pela janela do quarto e pensava :
Um dia, vou viver nesse mundo maravilhoso de risos e de acertos.
E vou fazer parte “daquela coisa ”.
Hoje, muitas vezes, ainda me sinto um estranho.
Acreditando que todas as outras pessoas fazem parte “da coisa”.
E eu não.
Sempre pude pensar melhor com os braços em volta da cabeça.
***
21 comentários:
Jôka, esse seu professor de matemática era daqueles que desestimulavam os alunos. Que absurdo ele dizer que você não podia pensar com o braço na cabeça! Ele é que não sabia pensar :)) Beijos!
Belo nome Jôka.
Se quiser sugerir outros, porque não?
Vamos ter mais para escolher.
A bola ...
Você sempre fez parte.
Você é que não sabia.
Porque a vida não é só de risos e acertos.
É tambem de dúvidas e erros.
Aí é que está a beleza.
A pluralidade de emoções.
Se não, ficaria muito chato.
É só aproveitar.
Abraços
Fred
Minhas memórias do Colégio Batista Shepard (Tijuca) me aquecem a alma, mas, confesso, me trazem tb certas frustrações...como por exemplo ser SEMPRE um vexame nas aulas de Ginástica Olímpica/Rítmica ... Mesmo os meus 4 anosde balé não me ajudaram nadica nestes esportes.
No início do ano encontrei a turma toda da oitava série. Cara...foi tudo de bom! A gente se divertiu,descobrindo no que nos tornamos e que, no final das contas, o Colégio tem muitos méritos na nossa formação.
Quem sabe um encontro com ex companheiros de turma não te aquece o coração, Jôka???
Ah, outra coisa... quando me mudei de Belo Horizonte para o Rio, quase fui estudar no Andrews, pq a gente ia morar no HUmaitá. Mas o negócio no apto que meu pai estava coprando deu para trás e achamos um outro, enorme, na Tijuca, onde eles moram até hoje ( embora a Tijuca nao seja mais um terço do que foi na década de 80, qdo mudamos)...daí, fui parar no Batista. A vida dá muitas voltas, né não??
Um beijo e obrigada pelo carinho de sempre!
Bom dia Jôka! o que importa é que esse menino cresceu e faz parte "daquela coisa" sim! qué isso menino, bota o braço na cabeça e continue nos alegrando com seus posts e sua arte! Porque "dessa coisa aqui" vc faz parte! um beijo...
Ahhhh nossas reminiscências...Como um tempo q ficou la atras, mas q ainda ta aqui dentro da gente e meia e volta vem à tona :) Me fez pensar no Colegio Zacarias rsrs..beijos querido :) E o Cèu muda de cor mesmo rsrsrs
BOM DIA LORD.....
PUXA...BOM LEMBRAR.....
EU TENHO SAUDADE DA MENINA SOLTA...QUE COLOCAVA PÃO NO ''BORNAU''...E SAIA..LIVRE.....
SAUDADE DA MINHA ARVORE....MINHA ''NAVE''....RSRS...
AQUELE MUNDO...AGORA É O NOSSO MUNDO.....
DE VEZ EM QD AINDA FUGIMOS, MAS NOS TRAZEM DE VOLTA....
OPS....TERRA..VOLTANDO....
E TRATE DE NÃO TIRAR ESSE BRAÇO DA CABEÇA.....RSRSRS.....
BJS........
Louro Jôka, olha que coisa mais verdadeira o Fred disse a vc. Concordo com ele. Sempre fez parte, só não sabia, não acreditava. Taí a importância da fé, a fé no próprio taco. Hoje vc tem.
Beijão. Lindo dia.
Esse teu professor de matemática era uma anta batizada heim? Caramba... Sempre tem que pintar um tipo desse na nossa vida.
Abraço meu amigo...
Jôka, contra fatos não há argumentos, rs... como lhe quero bem de graça, sai o preto fúnebre e entra o rosa mangueira até eu encontrar um template a minha cara!!! Rs, beijos
Olá.Boa tarde pra ti.!
Apesar de não gostar de ir a escola,creia acho q. era a melhor epoca de sua vida...Pensa bem...
por que ia-se a escola,,,e nem tinhamos a responsabilidade de saber o quão importante era aquele início.Gostei qdo falou das balas
e maria mole!!Eu acho q.ia a escola
para ir na cantina tb.E no meu tempo o doce da época chamava.."Machadinho"rsrs recordar é viver!!!
Bjão./
Jôka: que legal a sua foto.Me amarrei neste cinto,sinto muito!
Lembranças maravilhosas dessa fase vc deve ter?
Tempos bons!! A garotada de hj só fica disputando quem tem o celular com mais
recursos!
Boa quarta-feira.
Beijos carinhosos.
Oi querido, você era bem bonitinho nessa época, hein? e devia ter um papo muito bom,com certeza não percebia o quanto era interessante.
Eu me sentia "estranha" também, acho que continuo assim ate hoje ;o)
Fiz poucas grandes amizades na escola. Outro dia decidimos nos encontrar e foi um fiasco! Era melhor ter ficado com a memoria da infancia. Que é sempre mais bonita que a realidade, pois vem embalada com as nossas fantasias infantis.
Grande beijo
Nossa, que texto! Que foto forte.
Estranho? É comigo mesmo!! Por isso que te adoro, seu lindo! O dom para as artes é mto claro quando vc fala em memória visual, lembrando de cores e detalhes que, normalmente, outros não observariam. Vejo isso presente nos teus trabalhos.
E daí, se não faz parte "da coisa"? Tem certas coisas que não quero mesmo fazer parte,melhor assim.
Já sabe do teu lugarzinho aqui no coração,né? Te gosto mto, meu amigo!
Ô coisa loura, vc não viu que tem um outro lugar pra comentar, bem ao lado, que é pra quando o haloscan não estiver funcionando?
Angela Ursa das florestas,
Fred Cidadão do Brasil,
Luciana olhos de mar,
LILA e sua Família,
Ana D., muuuuito além do céu azul,
Lady Diana,a aristocrata blogueira,
Claudia a super loura e chiquérrima Palpiteira,
Henrique Luna, e seu famoso cão sem plumas,
Valentina e seu lindo blog agora pink new-wave,
Enigmática amiga e poderosa,
Lia Noronha, a bela moça da janela,
Beth Salgueiro, de onde tudo, mas tuuuudo pode acontecer,
Janaina Staciarini, a nova amiga,
Lena querida, no seu estranho mundo ...
...e todos os que passaram por aqui hoje, embora em silêncio, sem comentar, mas também são amigos que visitam a nossa Avenida Copacabana.
Muito obrigado a todos !
Amanhã tem mais,
que a fila anda ...
:o)
JÔKA P.
Jôka, estou sempre para escrever um post sobre as escolas em que estudei e os professores que tive. É a memória mais presente que tenho da minha infância e adolescência. Por sorte, são recordações boas. Acho que fui premiada nesse quesito.
Mas claro que existem os mestres sem talento, e esse seu professor de matemática devia ser um deles. :-)
A anonymous do recado acima sou eu: Ana Maria, do Anink Marink. O sistema de comentários enlouqueceu. Não permite, nesse instante, outra escolha. Vai entender.
Oi, Ana Maria!
Quase nem reconheci você, assim disfarçada de anônima !
:o)
JÔKA P.
Jôka, boa noite!
Mas você detestava tanto assim a escola? Nem pelos colegas, você gostava de frequentá-la?
Pois hoje, sinto saudade da ingenuidade que eu tinha, dos colegas, do um-por-todos,todos-por-um que fazíamos, dos sonhos que projetávamos... A realidade, crua, às vezes nos sufoca tanto, mas tanto...
Um abraço,
Anônimo,
quem é você ?
Pode deixar algum nome, apelido, qualquer coisa ?
Fica difícil responder à alguém sem nome ...
:)
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