" Se essa rua, se essa rua fosse minha
eu mandava, eu mandava ladrilhar
com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes
para o meu, para o meu amor passar."
(autor desconhecido)
fotos - Jôka P.
Bem-vindos à Av. Atlântica, Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil. Esse é o lugar onde nasci, aonde moro - e é daqui que escrevo essas coisas pra vocês. Está entardecendo e faz um sol forte, dourado e fulminante. Na praia, o vento sudoeste, cheiro bom de pipoca e o maior vaivém.
Ninguém percebe aquelas letras quase invisíveis, “P” e “S”, escritas no calçadão. É a lembrança de uma história que uniu um casal de namorados, Priscila e Sebastião, no final dos anos 70. Rio, verão e amor.
Priscila, mulatinha de sorriso tímido, era babá. Cuidava dos gêmeos de Dona Clélia, uma argentina de sombra azul nos olhos, casada com Seu Miguel, dono da fábrica de biscoitos Marilú.
A doméstica conheceu Sebastião bem ali, enquanto passeava os meninos no carrinho duplo. O rapaz era pedreiro. Um moço sério, nordestino arretado, de pouquíssimas palavras.
Os dois conversavam todas as manhãs, sentados em um daqueles bancos duros de cimento. Fizeram planos de casamento, tinham mil sonhos de futuro, juraram amor eterno.
Dona Clélia ficou viúva e sem um tostão - teve que voltar pra Buenos Aires. Levou consigo a fiel babá Priscila, pra cuidar daqueles garotos magricelos que eram alérgicos a quase tudo, vomitavam sem parar. Um nojo. Aliás, dois nojos.
Os operários que, naquela época, estavam construindo o novo calçadão, ficaram tão comovidos com a tristeza de Sebastião que decidiram esculpir o “P” e o “S” na calçada, com as pedras portuguesas.
Priscila e Sebastião nunca mais se viram. Sumiram no mundo, como se nem tivessem existido. A vida tem dessas coisas. Mas de alguma forma, Priscila e Sebastião permanecerão juntos, com as iniciais eternizadas na calçada de Copacabana.
Agora já vai anoitecer. Sinto alívio e tristeza. Quase uma melancolia, mas não é ruim. Abro bem as janelas e fico respirando o ar salgado de maresia. Acho que nunca consegui enxergar assim tão longe, e nem tão bem.
Lá no fundo, na linha do horizonte, sobre o mar, o farol da Ilha Rasa acabou de acender. No céu, um toque de cor ainda sutil, indefinido, meio laranja, meio vermelho, roxo, inquieto. Mais tarde, aquilo será a lua.
32 comentários:
Gosto desas histórias, bem interessantes.
Beijos.
p.s.:adoro você, obrigada por você existir,beijos.
Ahhhhhhhhhhh!
Que lindo isso! Eu sabia mais ou menos essa história, mas agora ela faz sentido e agora eu sou apaixonada por essas duas letras perdidas.
Senti saudade de Copacabana com suas palavras, uma vez mais.
Você é um doce, mesmo melancólico, mesmo raivoso, irônico, whatever. Você é lindo.
E Engraçadinha está óteema, sim, e vai sair melhor ainda!
Beijo, te vejo na orla amanhã.
Jôka, fiquei emocionada com essa história de amor. E também muito espantada, porque morei a maior parte da minha vida no Rio e nunca soube dessa história, nem vi as letrinhas no chão de Copa. Esse é o cúmuto do desligamento, não? Beijos e obrigada por compartilhar com a gente :))
Que história mais linda!!!!
Jôka, querido amigo, acabo de salir de tu blog, donde me he enterado de cosas curiosas y alguna hasta peligrosa, como la de la muchacha de 15 años que asaltaba a la gente con una jeringuilla en Copacabana... ¡Qué mundo éste, tan variopinto y a veces peligroso!
Pero por fortuna también hay cosas hermosas: Se essa rua fosse minha...
Y otra frase a tener en cuenta, ésta sobre la crisis: Juro que nâo foi eu... Pues has tenido suerte de no ser tú el que ha provocado la crisis, porque una tal agente Baby anda buscando al culpable para darle su merecido. Y ya sabemos que Baby no se anda con bromas a la hora de castigar a los culpables...
Jôka, ¿cómo estás? Tudo bem? Ya veo que tu salud y tu buen humor están totalmente recuperados, y como siempre te felicito por tu blog, con el que cada día lo paso mejor e incluso se lo leo a mi mujer, que le encanta y dice que eres un artista con mucha imaginación y talento. O sea, dice lo mismo que digo yo hace ya tiempo...
Sigue disfrutando de Rio, de tu salud y de tu buen humor, y espero que también toda tu familia esté saludable y feliz.
Un abrazo do teu amigo
LOU CARRIGAN
Já faço parte dos seus fãs, ontem descbri seu blog a partir do papelpop e estou pasmado, admirado com o seu contributo para os amantes da web e de estorias e história que postas, espero aparecer mais vezes, e ja ia me esquecendo a historia da priscila e do sebastião é linda é pena que terminou ou ficou inacabada assim dessa forma tipo "Romeu e Julieta" mais é mesmo assim a história é interessante. Estou tentado ser blogueiro "de Angola" e espero manter contacto se for possivel, abraço do camba eMiL
Que fotos lindas, Jôka. E Pri, coitada. Bem que podia ter escrito para o Sebá.
Liliane
Jôka, já perdi a conta das tantas vezes em que vim aqui e fiquei emocionado, irado ou que me peguei rindo sozinho. E a cada visita você me surpreende com a sua capacidade ilimitada de se renovar e de se superar com seus textos e imagens brilhantes, oscilando entre os dramas e as comédias que pontuam as nossas vidas. Aplaudo e agradeço! um abraço!
É vero ???? Nunca ouvi falar no P e S. Mas se vc conta acredito !
bjs,
me
Que história linda, Jôka! E triste! Vai que Priscila e Sebastião pintam por aqui e você reúne os dois?
Bjoca, bom feriado!
Peraí, Jôka, você vai mudar o nome do blog para avenidaatlantica? Amei a descricao da família da patroa com os dois gêmeos magricelos e nojentos, um humor fuderoso no meio de um conto de amor... Só você mesmo! Boa semana para você! Phophina
P.S.: eu também te adoro!
P.S. Amei! Parabéns, você é d+! :)))
Beijos!
Que história bonita, Jôka. Pena que o final não foi feliz. :-(
Nossa, ando com uma saudade danada do Rio e desse cheirinho de mar. Bjo!
ai jôka, que texto bonito! beijos
Nossa, que estoria triste. Foi verdade mesmo?
que bela história de amor hein Jôka!
será que eles sabem da existência dessas iniciais na calçada?
beijos e boa segunda pra vc!
SUBLIME. Fiquei comovido!!!
Oi Jôka!
Que lindo este post. Eu não conhecia a história. Mas me lembro da fábrica antes e depois do incêndio. Como eu morava no subúrbio quando era criança, passava muito pela av. Brasil.
Gostei de ler este seu momento tão inspirado. Uma vista como a da sua casa deve inspirar mesmo as almas sensíveis como a sua.
Abs
Jôka, se isso não for verdade, você tem uma imaginação bem fértil ! Beijos !
Ah, vou te mandar um memê (rsrsrsrsrsrrsrssrrsr)
hehehehe... Joka... Vc é um criador de histórias irado de bom !!!!!! kkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkk.... olha lá...se cuida...vai que P e S aparecem aqui e lêem a tua versão pro lance deles....
P.S. – eu te amo também
Ai, Jôka, só você!!
Beijo beijo beijo.
"Nessa rua, nessa rua tem um bosque...que se chama, que se chama solidão. Dentro dele...dentro dele mora um anjo que roubou, que roubou meu coração!!!
Adoro vir aqui! Amo suas histórias, seu tempo e seu coração.
A. A.
muito legal mesmo
abç
Oi Jôka!
Wow ! Verdade mesmo? Só acredito vendo... (rs) E isso é fácil, né?
beijos querido,
em q altura da avenida fica....
seu blog sempre leio para matar saudades do rio
Eneias, o "PS" fica na Av. Atlântica, entre a Rua Duvivier e a Rua Rodolfo Dantas, quase em frente a um Banco Itaú, mais pra beira da rua, bem próximo aos coqueiros e banquinhos das fotos.
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Jôk♥ te ♥mo!
De uma beleza de cortar o coração.
Saudades de Copa...saudades suas.
Bjins mil!!!
A-d-o-r-e-i! Moro no interior de SP e adoro história. Voce me fez sentir um pouquinho moradora de Copacabana. Fiquei super emocionada não só com a história de amor, mas com a consideração das pessoas que estavam construindo o novo calçadão.
Estava lendo sua crônica por acaso. Você é romântica e pessoas como você sofrem muito, porque o mundo não é assim...
Um grande abraço, se você ainda vier por aqui.
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