acrílica sôbre tela - Jôka P.
Sandro de Jesus está no ônibus há quase uma hora.
Atravessa o Tunel Novo em direção à Copacabana, debaixo de uma chuva federal.
Chega atrasado ao prédio da Avenida Atlântica e sobe apressado as escadas de mármore negro.
Oitavo ou nono andar.
Toca a campainha da direita, torcendo para que ninguém atenda.
Um homem magérrimo e branco como uma vela, abre a porta com um copo de grapette na mão.
-"Be welcome !"- miou o velhote.
Sandrinho de Jesus respirou fundo e entrou.
Naquela sala estranha, tirou toda a roupa.
E ofereceu o que ainda tinha conseguido guardar de si mesmo.
Era um olhar seco, de cansaço. De um viver que ele já tinha pago.
Como um sofrimento de espera.
3 comentários:
Jôka, este seu texto tem outro clima, diferente dos anteriores. É denso e mostra um outro lado da realidade, uma das outras faces de Copacabana.
Saudações da Ursa :))
me dá o telefone do sandro.
auika
chloè
Angela, este texto é meio sombrio mesmo... Porque nem tudo é sol e praia em Copacabana.
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