Depois da queda...

Dizem que quanto maior é a altura, pior a queda.

Ontem tive um acidente feio, em casa.
Eu estava saindo do banho, quando escorreguei no mármore e me pendurei no trinco da porta do box. Com o peso do corpo, o blindex se espatifou e caí de bunda sobre milhares de cacos de vidro. Pelado, é claro.
E foi um estrondo digno daqueles filmes catástrofe tipo Guerra dos Mundos.

Gigi estava em casa e vocês podem imaginar como ela reagiu ao me ver coberto de sangue como um jesus cristinho martirizado.
Não foi nada assim super grave, só vários cortes, arranhões e um joelho torcido.
E o blindex destruído, na véspera do Natal.
Poderia ter sido até bem pior, mas eu tenho um anjo da guarda fortíssimo.
Valeu, anjo !
Sou ateu, mas me comporto como se Deus existisse.

Vivienne serviu Lexotans, Lorax e anti-distônicos variados em um bandejão de prata inglesa.
Na verdade quem sofreu mais foi Gigi, fiquei o tempo todo tentando acalmá-la.
Não foi nada fácil. Gigi é muito espetaculosa, então rolou práticamente o terceiro ato completo de Tosca, de Puccinni.

Agora tenho que ficar de repouso, com o joelho inchado e o corpo enrolado de esparadrapos Micropore.
Sabe a “Volta da múmia” ? Então.

Não posso me queixar. Tenho sorte. Um anjo poderoso. Uma vida feliz.
Moro na cidade maravilhosa, de frente pro mar de Copacabana.
Gosto do que faço e só faço o que gosto.
Tive aventuras tórridas ( e sórdidas ) com personagens tão fabulosos e conhecidos que jamais ousaria revelar seus nomes.
Amei e fui muito amado.
Morei em Paris durante toda a juventude. E bem.
E principalmente tenho a felicidade de ter vocês aqui, perto de mim.

A felicidade não me estragou.

Sempre fui insuportável.