Um americano entrou hoje na Galeria e pediu pra ver trabalhos sôbre o Rio.
Ele trazia uma sacola cheia de coisas do Gilson Martins, era muito lourinho e parecia saído de um anúncio do Calvin Klein.
Escolheu em cinco minutos duas gravuras naif da década de sessenta, representando um Cristo meio fálico. Perguntou o preço e me pediu pra embrulhar as duas, enquanto iria ao caixa eletrônico do Citybank na Visconde de Pirajá.
Assim - super decidido.
Pensei que não fosse mais voltar - afinal passei dois terços da vida dizendo adeus.
Mas ele voltou logo, todo molhado e com um monte de notas de cinquenta novinhas.
Pegou o embrulho de plástico-bolha e disse que se chamava Scott.
Quase - mas quase mesmo - perguntei se gostava de Chopp.
Scott saiu apressado e felicíssimo com as suas bolsas de bandeira do Brasil e as gravuras cariocas.
Continuou chovendo todo o resto da tarde.
Meu outono precisava dessa chuva.
Achei que isso me libertaria. Mas não.
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