23 maio 2005

Peixes deitados de lado

Pierre & Gilles

Copacabana é muito mais do que um bairro.

Quem é aquela senhora que vejo quase todos os dias, carregando uma sacola com caixas de Lexotan ? Ela está em Copacabana - e nos meus sonhos - velha esquecida, de mãos trêmulas.

Copacabana é um limite entre a cidade e o meu inconsciente.
Copacabana é assim. Organiza ela mesma a sua lógica.


A velha paupérrima da Rodolfo Dantas parada na porta da farmácia.
O travesti gigantesco vagando pela noite com os seus sapatos prateados.
A socialite narcisa, apaixonada por si mesma, saindo sozinha do Edifício Chopin.
O calçadão traçando um diagrama sinuoso, em preto e branco, imitando o movimento do mar.

Sonhei que andava até o Leme, e lá no fim encontrava pessoas muito queridas, mas que já tinham morrido. E que o mundo era estático. Bastava ser atento e sério - como um peixe dentro de um aquário redondo - para entender a vida real.


Sonhei com peixes na areia da praia. Peixes deitados de lado.

Sonhei que a minha vida era um blog.

Minha vida era um blog aberto.

E que o tempo parava, como numa fotografia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Jôka!
"Minha vida é um blog aberto" é ótimo!
Seus textos passam muito amor por Copacabana. Fico feliz com isso!